Casa D. Matilde Padre Marques de Castilho
A Escola Secundária Marques de Castilho foi oficialmente criada em 1927 (Dec. nº 13149 de 29.01.1927) e recebeu o nome de ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE ÁGUEDA. A sua criação respondia às novas exigências e necessidades criadas pelo desenvolvimento económico da vila de Águeda na década de vinte, nomeadamente na área industrial.
A certidão de nascimento da actual Escola Secundária Marques de Castilho encontramo-la no Decreto nº 131449, artº 1º, publicado no Diário do Governo nº 32, e rectificado no Diário do Governo nº 37, de 29 de Janeiro de 1929. Ali se declara que “é criada na vila de Águeda uma escola industrial e comercial”, mas não se indica ou sugere qualquer patrono local ou nacional. A sua criação resultou da conjugação de vários factores: por um lado, da “solicitação dos habitantes da vila de Águeda”, por outro, da necessidade de dar ao pessoal operário dos “numerosos estabelecimentos fabris de serralharia e carpintaria mecânicas, de cerâmica, de serração de madeiras e outros”, uma boa habilitação profissional. A estes dois factores acresceu outro, senão o mais importante, que foi o de Águeda ter, na altura, uma frequência escolar, a nível do ensino primário, superior a 2000 alunos, facto que, à partida, para o legislador, assegurava, inteiramente, “a frequência de uma escola de ensino técnico elementar” (sic).
Reconhecida, local e oficialmente, a necessidade da criação de uma escola industrial e comercial em Águeda, para a sua instalação seria necessário que o Município fornecesse as instalações apropriadas. Nesse sentido, no dia 6 de Junho de 1927, o Director-Geral do Ministério do Comércio, acompanhado pelo Presidente da Comissão Municipal, Joaquim de Mello, “veio escolher o edifício mais adequado à instalação”. Vistoriadas as casas, então consideradas disponíveis, a escolha recaiu sobre a chamada “Casa de D. Matilde”, propriedade do Conde de Águeda, que, desde logo, facilitou a sua venda pela módica verba de 55 contos suportada pelos cofres da Câmara, com dinheiros retirados dos fundos das Minas de Talhadas que estas foram obrigadas a pagar-lhe destinados “a melhoramentos no concelho”. As despesas com as instalações eram da responsabilidade do Governo.
Os primeiros anos da sua existência não foram nada fáceis, mais por falta de material didáctico e pobreza de instalações, do que da boa vontade e empenhamento por parte do pessoal docente e auxiliar. Na verdade, no Relatório do ano lectivo de 1928/29, o Director, Pe José Marques de Castilho, afirma que o seu pessoal foi “de uma assiduidade e pontualidade inexcedíveis, a ponto de alguns não darem uma única falta durante o ano, o seu esforço foi máximo e o rendimento do seu trabalho comprovou publicamente a sua competência e o seu interesse pela causa que lhes foi confiada”, apesar de todas as deficiências do edifício em que se trabalhou. De facto, tratava-se de um edifício “acanhadíssimo e... pobre de material por falta de dinheiro para o adquirir” (Relatório de 1928/29), deficiências que se ampliaram ao longo do tempo, angustiosamente confirmadas nos relatórios anuais enviados, repetidamente, pelo Director às instâncias superiores. Todos eles, aliás, afirmam, que “as salas de aulas são pequenas e não chegam para o serviço” (Relatório de 1929/30, fl. 3; Relatório de 1930/31, fl. 2; Relatório de 1931/32, fl. 4; Relatório de 1932/33, fl.2; Relatório de 1933/34, fl. 2 e Relatório de 1934/35).
Inicialmente instalada na chamada "Casa de D. Matilde", pertencente ao Conde de Águeda, na Rua Fernando Caldeira, a Escola abriu oficialmente o 1º ano lectivo em 14 de Novembro de 1927, com 129 alunos inscritos, distribuídos pelos dois cursos existentes, o Curso Comercial e o Curso Industrial, e funcionando em regime de Ensino Diurno e Ensino Nocturno.
Como director fora nomeado o Pe José Marques de Castilho (que se manteria nessa função até 1939) e do quadro do pessoal docente constavam 11 professores e 3 mestres.